Ela já foi chamada de dama, vagabunda e prostituta, quebrou barreiras e preconceitos. Também procurou viver suas próprias paixões, sim esta era a jovem Eny Cesarino. Uma mulher a frente de seu tempo, e da antiga sociedade machista.
A história de Eny, foi lançada em 2002 no livro “Eny e o Grande Bordel brasileiro”, do jornalista e pesquisador Lucius de Mello. Através de preciosos relatos de parentes e amigos desta personagem. Tudo começa nos carnavais dos anos 30 ; fuga de casa e sua independência financeira. Eny sempre dizia que seu dinheiro era ganho de forma honesta, por meio de seu trabalho. Lucius de Mello conseguiu transmitir uma época de ouro e prazer, em um tempo de refinadas prostitutas e respeitosos bordéis.
Eny Cesarino, após sucessivas empreitadas, chega a Bauru, nos anos 40, para trabalhar em uma meretrício, após passar pelo Rio de janeiro e Santa Catarina . A custa de dinheiro e beleza, consegue propor uma sociedade com a dona, até que em 1963 consegue montar seu complexo de luxo e prazer, denominado “CASA DA ENY” próximo ao trevo de Bauru. Lá ela adquiriu mais estabilidade , e desdobrava em cuidar de seus negócios e suas rosas (sua grande paixão).
Nesta casa, Eny recebeu políticos, sacerdotes e artistas influentes da MPB, um público seleto desde João Goulart, Jânio Quadros, Toquinho e Vinícius de Moraes. O livro traça os diálogos destas personalidades se referindo as “meninas das casa”. Segundo João Goulart, a cafetina deveria abrir uma franquia nos pampas, pois tamanha era a beleza de suas funcionárias. Também grande era a influência de Eny na sociedade, que seu apoio foi fundamental para eleger o amigo e confidente Nicola Avallone Junior “nicolinha” a prefeito de Bauru, em 1956 e a deputado em 1968.
Com o início de 1970, o sexo deixou de ser tabu, passando a ganhar mais liberdade, isso resultou no aumento dos motéis e das prostitutas de rua, gerando concorrência e falência dos bordéis, não foi diferente com Eny, que ficou falida e para saldar suas dívidas foi obrigada a fechar as portas e voltar a São Paulo, morando na casa de parentes. Segundo sua sobrinha Isabela Cesarino, a ex-cafetina logo que foi morar em sua casa, se tornou uma personalidade do bairro, todos a admiravam, a interpelavam a todo instante para que contasse seus segredos, poucas informações eram dadas “Meus segredos irão comigo para o túmulo, podem tentar, mas não vou contar” dizia Eny.
Certamente seus segredos ficaram guardados e hoje se encontram enterrados nas paredes de sua antiga casa, onde já não existem mais suas roseiras nem seu glamour.
Waldemar Callejon
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