quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A história do cinema em um belo musical

Gene Kelly em cantando na chuva

        O filme que está entre os 10 melhores do cinema americano foi produzido por Gene Kelly, Stanley Donen e o produtor musical Metro Arthur Fredd, os quais não imaginavam a importância e o sucesso do clássico . Não há quem não tenha ouvido falar da icônica cena de Don Lockwood, interpretado por Gene Kelly, na qual sorridente após um encontro bem sucedido sapateia na rua em pleno temporal, é uma cena tão famosa que se vê em diversos especiais sobre cinema e satirizada por milhares de pessoas nos sites como youtube, mas realmente quem já assistiu ao filme sabe que seu sucesso não é só pela dança na chuva. 
         Em 1927 quando o cinema está em transição do cinema mudo ao falado e Hollywood está um verdadeiro rebuliço, pois até então os filmes tinham apenas legendas e pianistas ao fundo, tiveram que se adequear rapidamente no mercado cinematográfico. A época foi muito importante e difícil, onde muitos profissionais do cinema mudo perderam seus trabalhos, ocorrendo até suicidios e boicotes como, por exemplo, um deles feito por Charles Chaplin. 
Donald O'Connor,  Debbie Reynolds e Gene Kelly
  A história ocorre durante essa transição, mostrando a dificuldade que o famoso ator Don Lockwood e sua equipe tem para se adequar aos filmes falados e sua paixão por Kathy Selden, interpretada por Debbie Reynolds, uma a atriz que lhe chama a atenção por não dar bola ao seu charme e a questionar seu talento, fato que jamais tinha acontecido, mas com a ajuda de Cosmo Brown, interpretado por Donald O’Connor, amigo e funcionário do mesmo estúdio de Don, o casal se aproxima e a faiscada relação se torna um belo romance.
  Seu par nos filmes mudos a famosa Lina Lamont , interpretada pela atriz Jean Hagen , é apaixonada por Don e promete atrapalhar tudo quando percebe o envolvimento dos dois nas gravações, onde com a inovação do son irão protagonizar um musical, mas Lina  não só não sabe cantar como tem uma voz horrível e  Kathy é chamada para emprestar a voz á ela, que assim torna-se uma vilã na trama porque tem medo de perder seu lugar no filme e o seu amado. A partir disso nos mostra a "criação" da dublagem, recurso desenvolvido para resolver os problemas da transição do cinema mudo ao falado como, por exelmplo a cena em que se muda por vezes o microfone de Lina de lugar por ela não falar perto e não se captar sua voz e outras vezes por pegar as batidas de seu coração. 
          O filme nos mostra também o que era visto sobre o cinema falado na época, onde as pessoas achavam que haviam dubladores atrás das cortinas  sincronizados com as imagens das telas, um retrato negativo que foi superado com o sucesso estrondoso de O Cantor de Jazz em suas primeiras semanas de exibição, mas mesmo assim houve ainda quem achasse que aquilo era apenas modismo.
          Rico também em referências, é possível encontrar paródias de filmes de Gene Kelly durante todo Cantando na Chuva, como Os Três Mosqueteiros (1948), Minha Vida é uma Canção (1948) e Casa, Comida e Carinho (1950); algumas paródias a astros do cinema mudo real, como Clara Bow, Pola Negri e Henri de La Falaise e também algumas ironias, como o fato de Debbie ser a dubladora de Lina no filme, mas na vida real ter sido dublada por outra atriz durante as cenas de canto ou então o fato de que a mesma Debbie teve problema com algumas captações de suas falas quando o microfone ficou perto demais do coração e captava seus batimentos. Mas cinema é isso mesmo,  histórias em cima de histórias.
  Mas é um filme completo, cativante e divertido. É praticamente impossível não se render aos encantos de Cantando na Chuva,  filme que está incluso em praticamente todas as listas de melhores filmes já feitos no mundo é uma obra simplesmente imperdível e, mais do que isso, uma aula sobre um importante período da história do cinema. Afinal, depois desse filme, quem foi que nunca tentou sapatear na chuva na vida real?

Thais Franco 

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