Enquanto Rodrigo Santoro é o ator brasileiro mais conhecido em Hollywood, quem reina nos cinemas nacionais é Selton Mello. Seu nome no cartaz sempre gera, no mínimo, curiosidade. No caso de Meu Nome Não é Johnny (2008) rendeu, mesmo antes da estréia, muita repercussão. Com 15 filmes no currículo, ele é hoje o ator que mais tem buscado algo novo, diferente, quando o assunto é "fazer cinema".
E “Meu Nome não é Jhonny” parece que foi feito sob medida para o seu talento. É cômico, é dramático. Faz rir, mas também pensar. Seu personagem é real e se chama João Guilherme Estrella, o maior traficante de cocaína da alta roda carioca entre os anos 80 e 90. Sua história está escrita nas páginas do livro homônimo, do jornalista Guilherme Fiuza, e que serviu de inspiração para a produtora/roteirista Mariza Leão e o diretor/roteirista Mauro Lima criarem seu filme.
O personagem real, João Guilherme, depois de se envolver completamente com a droga, dever para traficante, se tornar um viciado, e até exportar sua mercadoria para a Europa, como relatado no filme, foi preso, julgado e condenado. Deu a volta por cima e hoje é empresário, produtor musical e compositor, prestes a aproveitar o filme para lançar seu primeiro CD.
No entanto, embora a história seja uma vitória para João, a história em si não traz uma lição de moral para os telespectadores. O jeito como as coisas rolaram, de uma forma inconseqüente e até mesmo orgânica é tudo muito bem retratado tanto no livro quanto no filme. Uma coisa foi levando à outra e quando João percebeu já estava nas manchetes dos jornais, sendo preso.
No filme, mesmo com 128 minutos, o ritmo é tão intenso quanto a vida do protagonista. Seu jeito carismático, de bem com a vida e a certeza de que tudo ia dar certo o trouxeram até aqui, para dar um exemplo às futuras gerações. Pelo menos é isso que pensam os cineastas.
Mas que exemplo é este que se dá bem vendendo e consumindo drogas? A mensagem deveria ser outra: a de que ele só conseguiu se safar porque deu muita sorte. Afinal, esta é a única diferença entre o João Guilherme Estrella e um João Ninguém.
Paola Prado
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